Questionado pelo colunista, na quinta, acerca do ânimo do MDB, militante graduado disse: "com os nervos à flor da pele, possibilidade de eleger somente dois vereadores". Hoje, o emedebismo tem três edis, dos quais só um (Adelar Vargas) concorre à reeleição - os demais, é candidato a vice (Francisco Harrisson) ou desistiu (Marta Zanella).
Creia: a situação é em muito semelhante em outros três grandões no Legislativo. Ouvidos, e pedindo sigilo ("para que ninguém perca o entusiasmo"), lideranças de PSDB, PT e PP se dão por satisfeitos se mantiverem as bancadas atuais, com, respectivamente, três, quatro e duas cadeiras. No caso do tucanato, já significaria redução, em relação há quatro anos, pois perdeu, no meio do caminho, João Ricardo Vargas, que se foi ao PP. E, neste, a esperança é crescer uma vaga, justamente a do coronel.
Agora, imagina: se graúdos estão preocupados, o que dizer dos que só têm vereador hoje porque em 2016 se beneficiaram das alianças das quais participaram, e que agora não mais existem? Os tubarões citados acima, aliás, também se beneficiaram dos votos dos partidos médios e pequenos que os acompanharam.
Estima-se, com bastante otimismo, que, descontados os nulos e brancos e as abstenções, sejam cerca de 140 mil votos para vereador. Isso significará, em números redondos, que o quociente eleitoral, número mínimo para o partido garantir vaga na Câmara, seria de 6,6 mil votos. Para se chegar a isso, imagina-se, não bastaria apenas um "puxador" de votos. Deu para perceber a razão do desespero?
Hoje, o Legislativo tem 10 siglas representadas. Eram 11, mas o eleito pelo Rede, Jorge Trindade, foi para o PDT, onde se encontrou com Luci Duartes, a única eleita pela sigla em 2016 e agora candidata à reeleição. É apenas um exemplo, mas para que o pedetismo consiga, com certeza, eleger dois edis, terá de fazer, na soma, mais de 13 mil votos. É isso ou dependerá das sobras. Os exemplos se reproduzem noutras siglas, o que o leitor poderá deduzir a partir dos dados a seguir, comparados com os de quatro anos atrás.
Confira os eleitos há quatro anos, por partido e na ordem de votação:
- PSDB - Admar Pozzobom, João Ricardo Vargas, Juliano Soares, João Chaves
- PT - Luciano Guerra, Valdir Oliveira, Celita da Silva, Daniel Diniz
- PMDB (hoje MDB) - Adelar Vargas, Francisco Harrisson, Marta Zanella
- PP - Vanderlei Araujo, Cida Brizola
- PTB - Deili Silva, Ovídio Mayer
- DEM - Manoel Badke
- PSD - Marion Mortari
- PDT - Luci Duartes
- PSB - Alemão do Gás
- Rede - Jorge Trindade
- PRB (hoje Republicanos) - Alexandre Vargas
Agora, veja quais foram as coligações (só quatro não fizeram aliança):
- Coligação SD,PRB,PTC, PSL, PRTB, PTN e PSC
- Coligação PSDB,DEM
- Coligação PP,PR, PROS
- Coligação PT, PC do B e PHS
- Coligação PSB, Rede Sustenta-bilidade, PTB e PPS
- Coligação PMDB, PMN, PV e PSD
- PDT
- PPL
- PSTU
- PSOL
A seguir, o comportamento de cada aliança, no resultado final:
- PPL, PSTU, PSOL - Concorreram sozinhos, não alcançaram o quociente e não elegeram ninguém
- PDT - Sozinho, obteve uma vaga
- PSDB/DEM - Elegeu cinco vereadores (quatro tucanos e um demista)
- PT/PC do B/PHS - Elegeu quatro (todos petistas)
- PSB, Rede, PTB e PPS (hoje Cidadania) - Quatro eleitos (dois do PTB, um do PSB, um do Rede)
- (P)MDB, PMN, PV e PSD - Elegeu quatro (três emedebistas, um pessedista)
- PP/PR (hoje PL), PROS - Dois eleitos, ambos do PP
- PRB, hoje Republicanos (e outros seis pequenos partidos) - Um eleito
O debate, o troco privilegiado e a última aposta no trololó eletrônico
- NO MÍNIMO - Depois do debate inicial, promovido por Cacism, OAB e Sinduscon, em 19 de outubro, e outros embates mais, especialmente um, online, organizado pelo DCE da UFSM, ninguém duvida: o fecho da campanha se dará mesmo é no confronto que o Diário realiza na próxima quinta-feira, dia 12. Será o último momento possível para os candidatos aparecerem a um amplo público. O debate será transmitido pela TV Diário (canais 26 e 526, da Net) e através das redes sociais do jornal e tende a ser bastante "quente". Isto é, pode definir, no mínimo, um dos finalistas. No mínimo.
- PREFERENCIAIS - Pelo menos um candidato a vereador (que, por sinal, está bem cotado em seu partido) afirma repetidamente sua crítica ao processo eleitoral, que não raro opõe integrantes de uma mesma agremiação.
Pois é exatamente o que já acontece de forma mais expressiva, especialmente nas maiores siglas, com uma concorrência acirradíssima. É aí que entra um fator "desequilibrador": os candidatos que mais troco recebem, daquele de livre distribuição por dirigentes e deputados, têm grande vantagem. Imagina a roupa suja a ser lavada depois da eleição. Só imagina.
- PROGNÓSTICO - Telespectadores mais exigentes (ou nem tanto) fazem críticas aos programas da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Vale para o tempo fixo dos concorrentes a prefeito e também para as inserções ao longo da programação dos veículos, com 40% delas dedicadas aos candidatos à Câmara.
Isso, porém, tende a se modificar nos últimos dias. Até a próxima quinta, as agremiações utilizarão todos os recursos disponíveis para turbinar o trololó eletrônico. É o chamado último suspiro. Ou, no popular, o vai ou racha.
Para candidatos, sem romaria, sobrou o Calçadão e mais nada
Neste domingo de Romaria da Medianeira tão atípico, em que a pandemia constrange todos a ficarem resguardados e não caminhando pelas ruas em direção à Basílica, é improvável que as recomendações sejam seguidas à risca. Sim, admite-se que, em algum nível, haverá transgressão. E não apenas dos devotos.
É exatamente aí que entram os cabos eleitorais, senão os próprios candidatos, notadamente aos já exasperados pelas dificuldades de chegar a uma cadeira da Câmara de Vereadores. Ao longo dos cerca de dois quilômetros a separar a Catedral do Santuário, haverá quem esteja disponível à entrega de santinhos, ou mesmo a segurar algum dístico que possa ser visto nem que seja por alguma lente mais descuidada. Mas, é preciso convir, quase nada perto do que seria um final de semana repleto de romeiros.
Diante disso que se verá (ou não) no domingo, o que resta aos já combalidos pretendentes ao Legislativo? De casa em casa, com todos os cuidados sanitários, correndo o risco de não ser recebidos, mas cumprindo seu dever. Essa é uma opção. E a outra?
Bem, aí não tem jeito: será o Calçadão Salvador Isaía o epicentro. De lá para cá e vice-versa, e percorrendo as adjacências, incluídas a segunda quadra da Bozano, a Avenida Rio Branco, as ruas Floriano e Acampamento e, por fim, o segundo ponto de aglomeração possível: a Praça Saldanha Marinho.
Numa campanha eleitoral tão distinta de quaisquer outras que já se viram em Santa Maria, e sem eventos massivos, caso da Romaria, é praticamente só o que sobrou a todos quantos querem um cargo oriundo do voto popular.
LUNETA
DECISIVO
Articuladores de campanha, marqueteiros e candidatos entram na última semana com várias dúvidas e pelo menos uma convicção: no mínimo, a segunda vaga para o turno final da eleição será decidida no debate que o Diário promove na próxima quinta, dia 12. É exatamente com essa convicção que todos estão a se preparar. Afinal, é a questão, qual o "alvo" a ser atacado, para atingir o objetivo?
PRIORIDADE
Chegou ao escriba a informação de haver gente pê da vida com dirigente de partido que, diz-se, esqueceu do todo em favor do próprio candidato à Câmara. Pergunta: até que ponto líder partidário tem que manter postura de magistrado (embora não seja juiz) e deixar de fazer campanha para quem seja de sua preferência, optando pela busca genérica de votos? Detalhe: esse tipo de "denúncia" surge só nos finais de campanha.
PRIMEIRO EU
Não é fenômeno atual, claro. Mas chama a atenção, de novo. Na hora do vamos ver, candidatos a vereador têm, como prioridade, a própria eleição, e não a do candidato a prefeito de seu partido ou aliança. Vai daí que, na (mais que normalmente) acirradíssima disputa por lugar na Câmara, já há os que deixam de mão seu parceiro concorrente à prefeitura. Não, não são todos. Mas longe está de serem poucos.
"UNIDADE"
Então é isso: emedebistas graúdos (ou nem tanto) e até outro dia favoritos a eleger-se estariam armazenando possíveis irregularidades de dois candidatos a vereador que, veja só, resolveram alçar-se, na vontade popular. A ideia do "dossiê" é, se um ou ambos se elegerem, fazer a denúncia. Mas, claro, só depois da eleição e conforme o resultado. Nada como a unidade partidária (sim, é ironia gente).
PARA FECHAR
Responsável pela fiscalização da propaganda, e o depositário final das queixas de candidatos, eleitores e do Ministério Público, o magistrado Rafael Pagnon Cunha (foto) - o mesmo que condenou à multa de R$ 53 mil um candidato a prefeito de Itaara - tende a ter trabalho (se não fosse suficiente o já feito) amplificado na última semana. Sim, é palpite. Mas...